O nosso joelho é praticamente compostos de duas articulações. A primeira e mais lembrada, é aquela responsável pelo movimento em dobradiça. Ela é formada pela interação entre o fêmur e a tíbia e suporta o nosso peso quando estamos em pé, andando ou correndo.
Há, no entanto, mais um osso que compõe o joelho humano. Este pequeno osso saliente na face anterior do joelho atualmente é denominado patela. O nome patela é derivado do latim patella que significa ‘pequeno prato’, em referência a seu contorno circular.
A patela se articula com o fêmur na chamada articulação patelofemoral, e a interação entre estes dois ossos ocorre de maneira bem diferente do que vemos na maioria das articulações. Em vez de um movimento em dobradiça, a patela se arrasta sobre a face anterior do fêmur. Isto porque a patela funciona como uma espécie de polia, otimizando a força da musculatura da face anterior da coxa, proporcionando a possibilidade de um movimento mais efetivo com o menor esforço possível.
A força gerada pela contração dos músculos anteriores da coxa (o quadríceps) é transmitida por sobre a patela até a porção superior da tíbia, o que faz com que haja compressão e deslizamento entre a patela e o fêmur. A magnitude das forças envolvidas é tal que, leves inclinações ou desvios na rota da patela durante o movimento podem gerar irritação local, dor, e com o passar do tempo, desgaste do revestimento de cartilagem.
Este desgaste da cartilagem patelar é denominado condropatia patelar. Geralmente, nas fases iniciais, o desgaste não é a principal causa da dor, mas sim os fenômenos irritativos locais ocasionados pelo movimento inadequado entre a patela e o fêmur. Isso fica bem claro quando observamos a boa resposta que este quadro apresenta ao tratamento fisioterápico baseado na melhora do condicionamento muscular dos membros inferiores e correções de gestos esportivos. Costuma haver melhora acentuada e muitas vezes completa da dor e da limitação para atividades físicas com este tipo de tratamento, mesmo em casos em que já há uma condropatia graduada entre moderada e acentuada presente nos exames de ressonância magnética.
Apenas os casos mais graves e que não respondem ao tratamento conservador são tratados cirurgicamente, e mesmo nestes casos, a fisioterapia pós-operatória e um trabalho de manutenção do condicionamento muscular dos membros inferiores são essenciais para resultados adequados e duradouros.